A Madrugada


Estes dias estava conversando com uma pessoa sobre ansiedade, as luzes da madrugada ajudava na escuridão do meu coração e a televisão ligada ajudava no silencio da minha voz, porém não abafava as vozes do meu coração, que gritada seu nome e perguntava por você. Passei por essas ruas vazias que a madrugada trás, onde algumas pessoas dormem e outras sofrem de insônia porque pensam demais no amanhã que ainda não chegou.

Estes dias andei um pouco triste, mas já passou.

Penso no gosto que você deixou na minha boca, o toque dos seus dedos no meu rosto fazendo com que o desejo de ficar e o desejo de fugir predominassem em mim. O medo e a angustia de nunca saber o que eu quero faz perder a oportunidade de sentir o seu cheiro mais uma vez, lembro de quando andávamos de mãos dadas por entre os pátios da vida, me perdoe por ter feito você ter a ilusão de que um dia essas mãos ficariam juntas para sempre. Não acredite no meu olhar, ele é intenso e engana, é como um labirinto sem fim, que busca por algo que nem sabe se existe.

Um dia desses choveu na rua lá de casa, risos de criança a procura de diversão soavam bem alto, os passos silenciosos em casa e o forte vendo que entrava na janela me trazia a certeza da solidão, a certeza que você não vai mais voltar, que seu abraço ficará só na lembrança e que sua boca não mais falará o meu nome. A janela trás o vento frio que começa a fazer parte dos cômodos e do meu coração.

Cada fio arrebentado, todas as lágrimas que rolavam no meu rosto, cada batimento no meu peito, cada sorriso, gargalhada e suspiros, um dia foram por sua causa.

Posso dizer que já não dói mais como doía antes.

A gente um dia se acostuma com a ausência e passa a observar mais as ruas desertas na madrugada e as luzes dos postes iluminam seu coração e logo a saudade passa ser só um sentimento qualquer.

A gente junta os cacos quebrados e aprende a viver com as incertezas da vida.

Um dia a gente consegue.

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